Com o tempo, nós (treinadores)
vamos adquirindo algo tão precioso como a capacidade de ler o balneário. Para
quem não vive o fenómeno pode até achar estranho mas há sinais subtis que
ajudam, e muito, a compreender o estado d’alma do grupo.
Nestas idades temos a “obrigação”
de moldar o atleta de forma a encarar desafios, com consciência e
responsabilidade, contudo a imaturidade da idade permite sentimentos tão
antagónicos como derrotas antecipadas ou vitorias antecipadas.
E hoje ainda estávamos a entrar
no balneário e já se sentia que o grupo vivia uma “vitória antecipada”. Apesar
dos constantes apelos fomos displicentes, fomos arrogantes e principalmente
faltamos ao respeito a todos os nossos adeptos. A bem da verdade não isso que
ensinamos, não é isso que queremos.
A primeira parte fica definida
com dois adjetivos: ignorância, descontração.
Ignorância – Esquecemos que o
futsal é um jogo coletivo, caímos no exagero de ações individuais culminadas
repetitivamente em perdas de bola ou remates sem qualquer direção definida;
esquecemos do que constantemente temos vindo a falar nos treinos “jogo de
espectativas”; esquecemos que para vencermos temos de correr mais do que o adversário,
temos de suar mais do que o adversário e principalmente temos de aplicar ao
jogo inteligência; esquecemos ou ignoramos o que temos treinado.
Descontração – Entramos no jogo
relaxados. Podia chover ou fazer sol que estava tudo bem. A bola corria e isso
por si só já era motivo mais do que suficiente para se estar em PAZ com a nossa
individualidade.
Sofremos, com toda a justiça do
mundo, um golo que parte de um erro (Tem que existir erros para haver golos,
mas há erros e erros!) de marcação.
O nosso adversário galvanizou-se,
pressionou e mostrou-nos que estava ali para discutir o resultado e não passear.
O que se passou no balneário ficará
para nós, mas parece-me que surtiu efeito, porque entramos na segunda parte com
outra predisposição, com outro empenho.
Se eu disser que fizemos um jogo
brilhante estou a mentir, fizemos um jogo sofrível até ao momento em que
conquistamos o terceiro golo.
A nossa segunda ficou marcada
pelo empenho de todos, mas tenho de registar três a atuação de três jogadores:
Tiago, Luis e do nosso “Pincel”.
O Tiago porque transmite uma tranquilidade
e uma segurança que faz a diferença nos momentos mais difíceis. Ontem e fruto
de uma aposta nossa marcou um golo e mandou uma bola a trave. Fico feliz por
ver a evolução de um jogador que definitivamente nasceu para o futsal.
O Luis é as quatro estações do
ano numa só pessoa. Há dias que parece o Outosno – esta tudo bem mas as nuvens
deixam-no apático e distante, noutros dias parece o Inverno – só mau tempo,
tempestades em cima de tempestades, e muitas trombas d’agua, ontem começou por
ser Primavera – tudo bem mas “calma”, polgar para cima e “Peace and Love”,
felizmente para nós terminou no Verão – o sol batia-lhe o rosto, aquecia-o,
energizava-o e assim permitiu-lhe ajudar a equipa. Este “teimoso” podia deixar
fluir mais o sol interior dele, para bem dele e nosso.
O Francisco, que tão
carinhosamente, chamamos de “Pincel” é a par do Gonçalo a imagem do nosso
futuro. O nosso “Pincel” é RESTAURADORES. É excelente sentir que ontem compartilhamos
com ele o primeiro golo dele em competições oficiais. Hoje escrevo três linhas
sobre tí mas sei que num futuro próximo escreveram muitas mais.
Em suma, vencemos. Definitivamente
acredito, ou melhor quero acreditar que a lição do jogo de ontem ficará para
sempre nas nossas memórias.
Na minha ficou!… No que diz
respeito aos garotos eu bem gostaria mas tenho serias duvidas.
José Teixeira
Não gosto desse nome "pincel" não é o nome, o primeiro nome é Francisco ou Kiko desculpe a observação. Boa semana
ResponderEliminarCompreendo... mas alcunha "Pincel" é tão carinhosa que a adoptei e garanto que não sou o autor dela.
ResponderEliminarSinceramente não sei a origem dela, mas temos de concordar que a presença dele é uma pincelada de alegria nas nossas vidas.
Não se zangue comigo, nem com o grupo, porque é com muita ternura que o tratamos assim.